quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Modelos de avaliação dos Sistemas Educativos


A importância da avaliação das escolas decorre de duas tendências que marcam a generalidade dos países europeus, designadamente, a descentralização de meios e a definição de objectivos nacionais e de patamares de resultados escolares (Eurydice, 2004).  

A avaliação das organizações escolares é hoje uma necessidade inquestionável que emerge das políticas de descentralização, seguidas por diversos Estados, da pressão no sentido da melhoria da qualidade da educação e da exigência da prestação de contas.

Desde então, o debate sobre a qualidade e a avaliação das escolas ocupa lugar de destaque nas agendas políticas dos governos, “a qualidade da educação, das escolas e da aprendizagem tem sido a grande preocupação educativa dos últimos anos, quer a nível internacional quer a nível nacional” (Santos, 1997, p.161).  

No entanto, é consensual que a avaliação do desempenho docente contribuirá para o sucesso escolar dos alunos. Os resultados alarmantes dos últimos anos deram azo a que a Comissão Europeia e os Ministérios da Educação dos Estados Membros se preocupassem em definir uma estratégia concertada que permitisse responder ao fenómeno da globalização, melhorar os resultados dos aprendentes e o seu sucesso escolar. A implementação de medidas comuns, consubstanciou-se na Estratégia de Lisboa.

De acordo com Roggero (2002) “Combinando, de um lado, a análise das formas institucionais e os procedimentos utilizados e, de outro, as representações que fundamentam essas políticas ou modelos de avaliação, é possível definir três grandes modelos de avaliação: o inglês, o francês e o finlandês” (p. 31). Assim, o modelo de avaliação inglês corresponde a um sistema educativo muito descentralizado no qual a concorrência entre estabelecimentos é encorajada pela livre escolha dos pais. No modelo francês, a avaliação do sistema educativo é, geralmente, de natureza qualitativa e realiza-se no Ministério da Educação nacional, que está encarregado de duas estruturas: as inspecções e a administração da educação nacional: a primeira assegura a avaliação profissional dos professores e das formações e a segunda avalia os estabelecimentos escolares e o funcionamento administrativo do Ministério.

No que diz respeito ao modelo de avaliação finlandês, tem-se em linha de conta os valores da comunidade educativa, o conhecimento de seus recursos próprios e as expectativas dos atores exteriores à escola. Os estabelecimentos gozam de uma forte autonomia que é acompanhada pela avaliação externa. Além disso, é integrado um conjunto de indicadores que diz respeito à eficácia funcional do estabelecimento, à sua responsabilidade financeira e aos resultados escolares e culturais obtidos. As formas de auto-avaliação dos estabelecimentos são também usadas no quadro das avaliações externas realizadas tanto pelas coletividades regionais e locais quanto pelas autoridades nacionais.

No entanto, cada sociedade tem o seu sistema educativo, o que leva Durkheim a afirmar que “(…)  existem tantos sistemas de educação quanto de sociedades” (Roggero, 2002, p. 32). Esta ideia é ainda reforçada por este autor ao sustentar que “Esses três exemplos - o inglês, o francês e o finlandês - não bastariam para representar a totalidade dos sistemas de avaliação da União Europeia” (idem, p. 37). Por conseguinte, cada sistema educativo deverá dar resposta à sociedade onde está inserido, atualizando-se e auto regulando-se. Nesta perspetiva, Ramos (n.d., p. 2) salienta que “No plano da investigação científica em Educação, a literatura distingue cinco traços de modernização dos sistemas educativos que sublinham a importância do desempenho profissional dos professores e da eficácia do ensino.

A emergência de uma cultura de desempenho e a perceção de que é preciso medir a eficácia dos profissionais de ensino para estabelecer comparações (Carley 1988); A tendência para aumentar os mecanismos de prestação de contas e a perceção da necessidade de ter informação que possa ser dada aos parceiros (pais, autoridades locais, interesses culturais e económicos) sobre a eficácia individual e organizacional (Norris 1988; Power 1999; Whitty et al. 1998); O desenvolvimento das escolas como organizações aprendentes, o qual assenta na utilização inteligente de um conjunto de informações sobre o desempenho dos alunos, da escola e dos professores para melhorar a qualidade educativa oferecida e a dos resultados das aprendizagens dos alunos (MacBeath et al. 2002); A preocupação com a eficácia educativa, relativamente à equidade social e educativa (Slee et al 1998; Weiner 2002).”

A aprendizagem ao longo da vida e a formação profissional dos docentes possibilitarão a melhoria da eficácia do ensino, o sucesso escolar dos alunos e a redução do absentismo e abandono escolares.


Inspeção Geral de Educação – Avaliação Externa das Escolas (2011). Recuperado em 10 de junho de 2012, de: http://www.ige.min-edu.pt/upload/Relatorios/AEE_Relatorio_2009-2010.pdf


Ramos, Conceição Castro (n.d.). Novos caminhos de avaliação de professores: tendências e estratégias. (Recurso disponibilizado no espaço da Unidade Curricular


Roggero, Pascal (2002). Avaliação dos sistemas educativos nos países da União Europeia: de uma necessidade problemática a uma prática complexa desejável. EccoS revista científica, dezembro, año/vol. 4, número 002, Centro Universitario Nove de Julho, São Paulo, Brasil, pp. 31-46. Recuperado em 10 de junho de 2012, de:http://redalyc.uaemex.mx/pdf/715/71540203.pdf

Eurydice (2004). A avaliação dos estabelecimentos de ensino à lupa. http://eacea.ec.europa.eu/ressources/eurydice/pdf/0_integral/060PT.pdf. (Acedido em 17 de Dezembro de 2009)  

MacBeath, J., Meuret, D. & Schratz, M. (1997). Projecto-piloto europeu sobre avaliação da qualidade na educação escolar. Guia prático de auto-avaliação. Bruxelas: Comissão Europeia.

Santos, M. E. B. (1997). Qualidade das escolas. Inovação, 10, 2-3, 161  


https://pt.slideshare.net/tejinha/modelos-de-avaliao-dos-sistemas-educativos